Com a recente tendência de descida das taxas Euribor e os rumores de que podem cair para 2% até junho, muitos questionam: será que vale a pena transferir o crédito à habitação agora? E para quem está a pensar em comprar casa, qual é a melhor escolha entre taxa fixa, e taxa variável? Vamos explorar estas opções e dar-lhe ferramentas para decidir o que pode ser mais vantajoso.
O que está a acontecer com a Euribor?
A Euribor, essa taxa que muitos de nós aprendemos a temer (e a monitorizar religiosamente), é o índice de referência para a maioria dos créditos à habitação em Portugal. Recentemente, o Banco Central Europeu (BCE), sob a liderança de Christine Lagarde, decidiu acelerar a descida dos juros, o que teve um efeito imediato na Euribor. Depois de um período de subidas contínuas, os especialistas acreditam que as taxas podem cair para cerca de 2% até meados do próximo ano. Para quem está a pagar prestações mais altas nos últimos tempos, isto soa a uma oportunidade dourada. E para os futuros compradores, poderá ser o momento certo para avançar.
Além disso, o contexto económico geral mostra que o BCE está a tentar controlar a inflação e aliviar as pressões financeiras sobre as famílias. Essa possível descida das taxas pode representar um alívio para quem já sente o peso das prestações mensais mais elevadas devido às subidas anteriores. Transferir ou não transferir: Eis a questão!
Para quem já tem um crédito à habitação, a descida das taxas abre a porta à possibilidade de transferir o empréstimo para outra entidade que ofereça melhores condições. Mas como qualquer bom negócio, há alguns fatores a considerar antes de tomar uma decisão:
- Seguros: Atualmente o valor e coberturas dos seguros, sobretudo os de vida, têm um papel preponderante no valor mensal a pagar. Deverá sempre analisar as diferentes opções de seguro;
- Prazo remanescente do empréstimo: se ainda falta pagar muitos anos do empréstimo, a transferência pode ter um impacto significativo na redução dos encargos mensais. No entanto, se o prazo já estiver próximo do fim, os benefícios podem ser inferiores. Se o seu orçamento familiar pode continuar a suportar a atual prestação em taxa variável, transferir o seu crédito para uma taxa fixa poderá significar uma redução do número de anos do empréstimo, e assim poupar milhares de euros em juros e seguros;
- X-selling: não descure este aspeto, a taxa ou o spread não é tudo! Contabilize os produtos que o banco lhe vai exigir para bonificar a sua taxa fixa ou spread;
- Condições do Novo Empréstimo: Certifique-se de que o novo banco oferece realmente condições mais vantajosas, e não apenas uma pequena redução que não se traduza em poupanças significativas a longo prazo.
Para quem está a comprar casa: taxa fixa (integral ou mista) ou variável?
Se estás a pensar comprar casa recorrendo a crédito, a escolha entre taxa fixa e taxa variável é crucial, especialmente num contexto em que as taxas Euribor continuam voláteis. Vamos às opções para o ajudar a fazer uma escolha informada:
- Taxa fixa: com uma taxa fixa por toda a vida do empréstimo, a sua prestação mensal mantém-se inalterada, independentemente das variações das taxas de juro. Em determinadas alturas poderá estar a pagar mais ou menos do que mercado estará a apresentar na altura, mas considerar a taxa fixa como um seguro, em que poderá, em algumas situações, pagar um pouco mais, mas tem associado a garantia de não sofrer com subidas abruptas com as sentidas nos últimos anos. Pode ser uma boa escolha se preferes evitar surpresas e garantir uma prestação constante. Contudo, em caso de amortização total ou parcial, a comissão de liquidação sobre para os 2% comparativamente aos 0,5% nos empréstimos com taxa variável.
- Taxa variável: uma taxa variável está indexada à Euribor, o que significa que a sua prestação pode descer à medida que as taxas caem. Contudo, também aumenta se as taxas subirem. Se a previsão de descida para 2% se concretizar, optar por uma taxa variável pode significar uma prestação mais baixa a curto prazo. No entanto, precisa de ter alguma margem de manobra no orçamento para lidar com eventuais subidas no futuro.
Uma possibilidade interessante, é optar por uma taxa mista, que combina uma taxa fixa inicial por um período específico com uma taxa variável subsequente. Esta opção pode ser atrativa para quem procura um equilíbrio entre segurança e a possibilidade de beneficiar de eventuais descidas das taxas.
O caso do João e da Maria
Imagine o João e a Maria, um casal de 30 anos que está a pensar comprar o seu primeiro apartamento. Eles encontraram uma casa no Porto por 250 mil euros e precisam de recorrer ao crédito à habitação para financiar a compra. Vamos ver como podem decidir entre uma taxa fixa e uma taxa variável:
- Opção de Taxa Fixa: O banco oferece-lhes uma taxa fixa de 4% por 10 anos, com uma prestação mensal de 1.200 €. A vantagem aqui é que, mesmo que as taxas de juro subam no futuro, eles continuarão a pagar o mesmo valor.
- Opção de Taxa Variável: Alternativamente, podem optar por uma taxa variável indexada à Euribor a 6 meses. Se a Euribor descer para 2%, a prestação mensal poderia ficar por cerca de 1.000 euros. Contudo, se as taxas voltarem a subir, a prestação pode aumentar para 1.300 euros ou mais.
Para o João e a Maria, a decisão vai depender da sua tolerância ao risco e da capacidade de lidar com variações no orçamento familiar. Se preferirem segurança e previsibilidade, a taxa fixa pode ser a escolha certa. Mas se estão dispostos a assumir algum risco para tentar poupar mais a curto prazo, a taxa variável pode ser vantajosa.
O que esperar do futuro?
Embora as previsões indiquem uma descida da Euribor, o mercado financeiro é tudo menos previsível. O BCE pode alterar as suas políticas consoante a inflação e outros fatores económicos. Portanto, para quem já tem crédito à habitação ou está a pensar em adquirir um, é essencial manter-se informado sobre as tendências e estar preparado para ajustar a estratégia se necessário.
A média da Euribor desde 1999 situa-se nos 1,75%, portanto, tomando este valor como indicador, para uma análise meramente teórica, ao adicionarmos um spread médio de 1%, teremos uma TAN (taxa de juro anual nominal) de 2,75%. Com as devidas ressalvas, qualquer operação com taxa fixa integral ou de curto prazo, com taxas próximas desta, será uma opção a equacionar. Pois, mesmo que seja, por exemplo, 3%, estará a pagar a segurança de não ter surpresas durante o período em causa.
Conclusão: Qual é a melhor estratégia?
A decisão de transferir o crédito à habitação ou optar entre taxa fixa e variável depende da sua situação específica e dos seus objetivos financeiros. Se já tem um crédito e encontra uma oferta melhor, a transferência pode ser vantajosa. Para quem vai comprar casa, escolher a taxa certa pode fazer uma diferença significativa no orçamento mensal.
Recorra à ajuda (sem custos) de um intermediário de crédito, que o ajudará a analisar as suas opções, considerando o seu nível de conforto com o risco. Seja qual for a sua escolha, o mais importante é estar bem informado e preparado para os desafios e oportunidades que possam surgir, portanto, o ideal é contactar um dos nossos gestores.
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